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domingo, 13 de abril de 2014

Copa 1982

País sede: Espanha


                                                        
 
 
 

Participantes

Polônia, Itália, Camarões, Peru, Alemanha Ocidental, Argélia, Áustria, Chile, Bélgica, Argentina, El Salvador, Hungria, Inglaterra, França, Tchecoslováquia, Kuwait, Irlanda do Norte, Espanha, Iugoslávia, Honduras, Brasil, União Soviética, Escócia e Nova Zelândia.

História

Foi a primeira a contar com 24 seleções, entre elas várias estreantes: Argélia, Camarões, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia. No total, 105 países participaram das eliminatórias.

A Copa de 1982 contou com um regulamento único. Como eram 6 grupos de 4 times, e apenas os 2 primeiros se classificavam, 12 times formaram 4 grupos de 3 times na segunda fase, de onde os campeões de cada grupo fariam a semifinal.
 
A seleção brasileira, comandada por Telê Santana, foi um dos destaques da copa, com jogadores como Leandro, Júnior, Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Sócrates, Zico e Éder, jogava um futebol ofensivo e vistoso.
 
Outras grandes seleções marcaram presença na Espanha. A  França de Michel Platini, Jean Tigana, Manuel Amoros, Dominique Rocheteau e Marius Trésor; a Alemanha de Karl-Heinz Rummenigge, Horst Hrubesch, Mandred Kaltzz, Felix Magath e Paul Breitnerr. A Argentina com craques campeões do mundo como Daniel Pasarella, Osvaldo Ardiles, Daniel Bertoni, Mário Kemps e a promessa de supercraque Diego Armando Maradona. Do lado da seleção italiana, que havia deixado uma ótima impressão em 1978, o experientíssimo Dino Zoff, Antônio Cabrini, Giuseppe Bergomi, Claudio Gentile, Gaetano Scirea, Francesco Graziani, Gabriele Oriali, Marco Tardelli, Bruno Conti e Paolo Rossi.
 
A Alemanha Ocidental classificou na primeira fase, onde perdeu para a estreante Argélia por 2 a 1, depois ganhou do Chile por 4 a 1, e por último venceu a Áustria por 1 a 0. Esse foi o jogo que mais chamou a atenção na primeira fase, sendo chamado "jogo da vergonha". Os alemães fizeram 1 a 0. Como esse resultado classificavam as duas seleções, começaram a tocar a bola de um lado para o outro, abdicando de atacar, e com isso houve vaias e protestos de todo público.
 
Na segunda fase, os alemães se classificaram para a semifinal com um empate por zero a zero contra a Inglaterra e uma vitória sobre a Espanha por 2 a 1. Na semifinal empataram com a França por 3 a 3, num jogo espetacular. Garantiu a classificação após uma disputa de pênaltis, onde ganharam por 5 a 4.
 
A seleção italiana na primeira fase foi decepcionante, empatando os três jogos contra Peru e Camarões por 1 a 1 e Polônia por zero a zero, classificando-se em segundo lugar, pelo critério de gols marcados, onde fez um a mais que a seleção camaronesa. O clima era tão ruim na Azurra que o técnico Enzo Bearzot proibiu os jogadores de darem entrevistas e lerem jornais para não contaminar mais o ambiente dos atletas.
 
Na segunda fase, os italianos caíram em um grupo dificílimo, onde teriam Argentina campeã da Copa anterior e o Brasil, o grande favorito ao título. Nessa fase, a Azurra cresceu, fazendo grandes jogos. Venceu os argentinos por 2 a 1, e depois, os brasileiros por 3 a 2, no grande jogo da Copa, classificando-se para a semifinal. Na semifinal, os italianos com a auto-estima elevada, bateram os poloneses por 2 a 0.
 
A grande final entre Itália e Alemanha foi no Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, e o juiz da partida foi o brasileiro Arnaldo Cézar Coelho. Alemães e italianos travaram um duelo para ver quem seria ao lado do Brasil três vezes campeão Mundial. A seleção italiana embalada após ter ganhado da Argentina (último campeão), Brasil (o grande favorito) e Polônia (uma boa seleção), chegou à final com grande entusiasmo. No primeiro tempo, os alemães foram melhores, mas o placar não saiu do zero a zero. Na segunda etapa, a Azurra voltou melhor. Paulo Rossi abriu o placar aos 12 min., Tardelli ampliou aos 24min e Altobelli fez o terceiro. Breitner aos 38 descontou para os alemães. 
 
Final: Itália 3 x 1 Alemanha
 
Campeão: Itália
Vice Campeão: Alemanha.

 
 
 
 
 

O Brasil na Copa

O Brasil teve ótimas seleções ao longo de sua história. Mas poucas deram tanta confiança ao povo brasileiro quanto a de 82. O país inteiro dava como certo o tetra brasileiro. E não era para menos. A equipe, comandada por Telê Santana, era unanimidade nacional.

Na estreia, o Brasil teve um jogo duríssimo contra a União Soviética e venceu por 2 a 1 de virada. Os soviéticos ainda tiveram um gol anulado e um pênalti não marcado. No segundo jogo contra a Escócia, a seleção brasileira venceu por 4 a 1, onde também levou o primeiro gol. No terceiro jogo, os brasileiros venceram a Nova Zelândia por 4 a 0, classificando-se em primeiro lugar do grupo.
 
Na segunda fase, o Brasil teve pela frente duas grandes seleções do futebol mundial: Argentina e Itália. No primeiro jogo contra os argentinos, a seleção canarinho, com um futebol encantador, venceu por 3 a 1, onde até o craque Argentino Diego Maradona não se conteve e foi expulso, após um chute no jogador Batista. Como a Itália já tinha vencido a Argentina, brasileiros e italianos decidiriam para ver quem iria passar para a semifinal.
 
No jogo contra a seleção italiana, o Brasil era o grande favorito, e precisava apenas de um empate para passar a semifinal. O jogo não foi como os brasileiros esperavam. A Itália, até então desacreditada, realizou uma partida memorável. Com uma marcação forte sobre os brasileiros, os italianos abriram o placar logo aos 5 min com Paolo Rossi. Aos 12 min, Sócrates empatou para o Brasil. Aos 25 min novamente Paolo Rossi fez o segundo gol da Itália, após um erro do jogador Toninho Cerezo, terminando o primeiro tempo em vantagem para a seleção Azurra. No segundo tempo, aos 23min, Falcão empatou novamente para a seleção canarinho. Quando tudo parecia encaminhar para a classificação do time brasileiro, o iluminado, Paolo Rossi, aos 29min, marcou o terceiro gol para a seleção italiana, decretando números finais ao jogo. Esse jogo ficou marcado para os brasileiros como  "A Tragédia do Sarriá."

O que teria acontecido no dia 5 de julho de 1982? Telê era pé-frio? Faltou escalar ponta? Faltou Roberto Dinamite no lugar de Serginho? Faltou dar chutão contra a Itália? A grande resposta só quem pode dar são os deuses do futebol. O que podemos dizer é que "A tragédia do Sarriá" fez com que as casas e ruas do país enfeitadas com as cores da bandeira, vestissem luto após o jogo.

Essa Copa foi marcada como uma das maiores injustiças da história. A seleção brasileira, comandada pelo "Mestre" Telê Santana, desfilou pelos gramados um futebol fantástico. Com um quarteto mágico formado por Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, além de Júnior, Leandro e Éder, o Brasil encantou o mundo, jogando um futebol arte e ofensivo. O destino não quis que essa seleção fosse campeã, mas para os amantes do futebol, vai ficar pra sempre marcado como um dos melhores times de todos os tempos que jogou uma Copa do Mundo.

Segundo Falcão, o sentimento no dia seguinte foi de abatimento geral. “A gente não tem noção. É como se tivesse acordado sem ter dormido. Parados. Cansados. Evidentemente derrotados. Mas a gente vai se mexendo, juntando os cacos. Estranhamente, foi a primeira e única vez que vi, nesse período como atleta, como treinador e como jornalista, a imprensa brasileira triste. Chocada. Derrotada como o time. Isso é raro. Por quê? Porque viveram com aquela seleção, se emocionaram. A seleção jogava um futebol bonito, vistoso. Isso fez com que a imprensa sofresse junto. Foi um baque”. A sensação teve o retrato visual imortalizado na capa do Jornal da Tarde, que estampou o rosto emocionado de um menino de 10 anos, vestindo a camisa da Seleção, apenas com os dizeres: Barcelona, 5 de julho de 1982.



 



Colocação: 5º lugar


 





Estatísticas

Times: 24
Número de jogos: 52
Número de gols: 146
Média de gols: 2,8
Total de público: 2.109.723
Média de público: 40.571
Melhor ataque: França - 16 gols
Pior ataque: Camarões e El Salvador - 1 gol
Melhor defesa: Camarões - 1 gol
Pior defesa: El Salvador - 13 gols
Cartões amarelos: 98
Cartões vermelhos: 5
Mais indisciplinado: Itália - 11 amarelos
Mais disciplinado: Nova Zelândia - Nenhum cartão amarelo
Artilheiro: Paolo Rossi (ITA) - 6 gols em 7 jogos
Melhor jogador: Paolo Rossi (ITA)

Curiosidades

A Guerra das Malvinas, estourada entre Argentina e Reino Unido semanas antes da Copa, chegou a ameaçar a presença das três seleções britânicas classificadas ao torneio: Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte. Considerável opinião pública do Reino Unido era contra a participação de suas seleções, pois, na visão dela, disputar o torneio seria um desrespeito aos mortos na guerra e Copa serviria para desviar a atenção da população para um assunto mais importante. Por fim, a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher convenceu o parlamento de que disputar o mundial ajudaria a levantar o moral da população e, principalmente, das próprias tropas. Outro reflexo do conflito foi a saída do meia argentino Osvaldo Ardiles do Tottenham, equipe inglesa onde jogava e era ídolo.
 
Falcão (Roma-ITA) e Dirceu (Atlético de Madrid-ESP) foram oficialmente os dois primeiros jogadores que atuavam fora do Brasil convocados para uma Copa. Em 1934, Patesko e Luiz Luz atuavam no Uruguai, mas foram inscritos como atletas da CBD porque, naquela época, o Brasil só permitia amadores na seleção, e os times uruguaios eram profissionais.
 
Três técnicos brasileiros trabalharam no Mundial: além de Telê Santana, Tim dirigiu o Peru e Carlos Alberto Parreira comandou o Kuwait.
 
Na vitória por 2 a 1 do Brasil sobre a União Soviética, os travessões do estádio Sanchez Pizjuan, em Sevilha, estavam 2,5 cm mais baixos que o estipulado pela FIFA. O problema foi descoberto no dia seguinte.
 
A audiência acumulada de todos os jogos da Copa foi surpreendente. Cerca de 10 bilhões de telespectadores assistiram aos jogos do Mundial pela TV.
 
Antes de embarcar para a Espanha com a seleção, o lateral Júnior gravou e lançou um compacto (disco de vinil em tamanho pequeno) com a música "Povo Feliz", mais conhecida como "Voa Canarinho", que foi a música-tema da equipe para o mundial. A música fez tanto sucesso no Brasil, que o compacto vendeu mais de 200 000 cópias durante a realização da copa.
 
A maior goleada de todas as Copas registrada nesta edição: Hungria 10 x 1 El Salvador. O atacante húngaro Laszlo Kiss se tornou o primeiro reserva a marcar três gols em uma partida de Copa do Mundo. Ao marcar o gol de honra de El Salvador, o meia Ramirez se tornou o maior jogador de futebol daquele país, virando ídolo nacional, e seu apelido era "El Pelé".
 
O brasileiro Tim foi o técnico da Seleção Peruana na Copa da Espanha. Ele jogou a Copa de 1938 pelo Brasil.
 
No jogo entre Iugoslávia 0 x 0 Irlanda do Norte, o atacante norte-irlandês Norman Whiteside se tornou o jogador mais jovem a disputar um jogo de Copa do Mundo aos 17 anos e 41 dias. Superando um recorde que antes era do brasileiro Pelé.
 
A conveniência marcou a partida entre Alemanha e Áustria. Os alemães precisavam da vitória para tomar a vaga da Argélia. Quando Fischer fez 1 a 0, placar que também garantia a Áustria na fase seguinte, os dois times passaram a tocar bola no meio de campo. Em entrevista, um dos jogadores daquela partida, o alemão Hans-Peter Briegel, confirmou a armação e pediu desculpas aos argelinos.
 
O príncipe do Kuwait, Fahad Al-Ahmed Al-Jaber Al-Sabah, não se contentou apenas em invadir o campo e paralisar o jogo com a França quando o seu time perdia de 3 a 1 e tomou o quarto gol em flagrante impedimento do atacante francês Girèsse. No dia seguinte, mesmo tendo conseguido anular o gol, ele acusou a FIFA de ser dominada pela máfia e acabou sendo punido pela entidade com multa de 11 000 dólares estadunidenses. O príncipe teria um fim trágico: em 1990, foi assassinado junto com outros membros do Comitê Olímpico Kuwaitiano (do qual era presidente), sob ordens de Saddam Hussein, que, por ter invadido o Kuwait, vira o Comitê Olímpico Iraquiano ser banido pelo Comitê Olímpico Internacional.
 
Honduras produziu uma das cenas mais comoventes da Copa de 1982. Sonhando em conseguir uma vaga para a segunda fase da competição, o time segurou o 0 a 0 contra a Iugoslávia até 42 minutos do segundo tempo. Aí a zaga cometeu um pênalti infantil e Honduras acabou derrotada. No final da partida, todo o time chorou copiosamente no gramado.
 
O sistema de desempate através dos pênaltis foi introduzido em 1978, mas só entrou em vigor no Mundial da Espanha. A Alemanha derrotou a França por 5 a 4 e se classificou para a final do torneio. Nesse mesmo jogo, o goleiro alemão Harald Schumacher pulou em cima do francês Patrick Battiston dentro da área. O juiz não marcou pênalti, deu tiro de meta e Battiston ficou desacordado em campo. A pancada lhe custou apenas um dente, pago pelo próprio Schumacher, que foi perdoado e foi até convidado para o casamento do francês.
 
Todas as vezes que o ônibus da Seleção Brasileira foi do hotel para o estádio, o fez por um mesmo caminho, e sempre voltou por um outro. A rotina só foi mudada no fatídico dia 5 de julho, quando o ônibus enveredou na ida pelo caminho que costumava fazer a volta. Mais: naquele dia, a TV não funcionou. Nesse dia, também pela primeira vez, desde o início da Copa, a seleção não posou para fotos, justamente no dia da derrota contra a Itália.
 
O zagueiro italiano Claudio Gentile marcou Zico brilhantemente, chegando ao ponto de rasgar a camisa do "galinho" dentro da área, mas o juiz israelense Abraham Klein não marcou pênalti, pois havia paralisado o lance, assinalando impedimento do jogador brasileiro. Gentile já havia exercido marcação igualmente truculenta sobre Maradona, na partida anterior.
 
O jogo da derrota do Brasil frente à Itália ficou conhecido como "A tragédia do Sarriá ou a A Batalha de Sarriá". O Estádio Sarriá não existe mais, pois o Espanyol (dono do estádio) possuía muitas dividas em meados dos anos 1990 e, para quitá-las, teve que vender o terreno para uma construtora, que o demoliu em agosto de 1997 e montou no lugar um luxuoso conjunto residencial. Durante doze anos, o Espanyol comandava seus jogos em casa no Estádio Olímpico Lluís Copanys, sede principal das Olimpíadas de 92. Em 2009, o clube inaugurou o seu novo estádio, o  Cornelà-El Prat.
 
Foi nessa edição que o brasileiro Arnaldo César Coelho se tornou o primeiro juiz não-europeu que apitou uma final de Copa do Mundo. As duas finais seguintes também seriam apitadas por dois não-europeus: a de 1986 pelo também brasileiro Romualdo Arppi Filho e a de 1990 pelo mexicano Edgardo Codesal.
 
Ao marcar o gol de honra da Alemanha Ocidental na final, o zagueiro Paul Breitner se tornou o terceiro jogador a fazer gol em duas finais de Copa do Mundo (ele havia feito na final de 74), igualando o feito dos brasileiros Vavá (que marcou nas finais de 58 e 62) e Pelé (58 e 70). O francês Zinedine Zidane repetiria o feito ao marcar gols nas finais das copas de 98 e 2006.
 
Com a conquista da Itália, o goleiro e capitão Zoff entrou para a história ao se tornar com 40 anos de idade o jogador mais velho a ser campeão mundial de futebol.
 
Foi a primeira copa em que todos os continentes foram representados. A Europa mandou a Espanha 13 seleções, a América do Sul 4, as Américas do Norte e Central (Concacaf) e África 2 cada uma e a Ásia e Oceania 1 cada uma. Esse fato iria se repetir somente 24 anos depois na Copa do Mundo FIFA de 2006 na Alemanha.
 
 
Mascote: Naranjito
 
A Espanha inovou na escolha de sua mascote, obra dos artistas espanhóis María Dolores Salto e José Maria Martín Pacheco. Foi a primeira vez que uma comida – a laranja – foi escolhida para representar o evento. A fruta típica do país usa um uniforme da seleção. O nome é o diminutivo masculino de “naranja”, a palavra espanhola para laranja. Assim como as anteriores mascotes mexicana e argentina, Naranjito carrega uma bola de futebol. A carismática frutinha acabou se tornando uma das mais populares mascotes das Copas do Mundo. Ganhou até o próprio programa de TV, transmitido na Espanha em rede nacional. “Fútbol en Acción” contava com a participação de outros dois personagens animados.
 
 
 
 




Fontes

Coleção Copa do Mundo Fifa - Placar
www.guiadoscuriosos.com.br


 

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