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domingo, 2 de março de 2014

Copa 1958

País sede: Suécia

Participantes:

Suécia, Alemanha Ocidental, Áustria, França, Tchecoslováquia, Hungria, União Soviética, Iugoslávia, Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia, País de Gales, Argentina, Brasil, México e Paraguai.
 

História

Pela segunda vez, dois países europeus sucediam-se como sede da Copa (a primeira dobradinha foi em 34 e 38, com Itália e França). Desta vez a Suécia "pegava o bastão" da Suíça na organização do torneio. (de lá para cá, os continentes se alternaram).
 
A Copa desse ano contava com equipes razoavelmente favoritas. A Alemanha Ocidental vinha para a copa com uma seleção quase igual àquela campeã em 1954, porém quatro anos mais velha. A Hungria, que havia brilhado na Copa passada, perdeu grande parte de seus jogadores devido à Revolução Húngara de 1956, vindo com uma equipe mais fraca. A União Soviética era cotada como uma das favoritas pelo fato de ter vencido as Olimpíadas de 1956. No início do ano, a Inglaterra, que tinha uma equipe forte, sofreu uma grande perda com o desastre aéreo de Munique. O marcador mais marcante na Copa foi o jogador francês Just Fontaine, que apenas nessa edição, marcou 13 gols, tornando-se o maior goleador de uma única edição em todas as Copas.
 
Esta Copa do Mundo viu a inscrição e classificação da União Soviética pela primeira vez, e a classificação de todas as nações constituintes do Reino Unido: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, com os norte-irlandeses ainda conseguindo a façanha de eliminar a Itália, bicampeã em 1934 e 1938, pela primeira (e única) vez na história da competição. Mais uma vez a organização funcionou como um relógio. A tabela com os jogos e cruzamentos das fases finais foi divulgada com antecedência. Foi usado novamente o eficiente regulamento com quatro grupos de quatro, onde todos enfrentam todos, seguido de mata-mata a partir das quartas de final. Esse sistema duraria até 1974. Não havia cabeças de chave. Seleções mais fortes foram colocadas previamente uma em cada grupo para evitar eliminação precoce. Assim, calhou o Brasil pegar as também favoritas Inglaterra e a União Soviética. "Sobrou para os ingleses, que levaram a pior diante dos soviéticos e caíram logo na primeira fase.
 
A Alemanha Ocidental só não chegou a final porque o árbitro argentino Juan Brozzi resolveu dar uma ajuda para a Suécia na semifinal. Os suecos, jogando diante de sua torcida, disputaram sua primeira e única final, o que foi uma façanha incrível, pois o time tinha sido montado às pressas, apenas para que o país sede não passasse em branco. França e Brasil foram as verdadeiras estrelas da festa.
  

O Brasil na Copa

A seleção brasileira era formada por doze atletas dos Rio de Janeiro e dez de São Paulo. Aliando juventude e equilíbrio, o Brasil pintava como favorito para o público sueco e para a imprensa estrangeira. Menos para os franceses, que insistiam no fator psicológico como ponto fraco da seleção verde e amarela. Eles acreditavam que o Brasil "amarelaria" na retal final, como em 1950, no Maracanã.
 
Na estreia, O Brasil bateu a Áustria por 3 a 0. No segundo jogo, o brasil não conseguiu repetir a mesma atuação do primeiro jogo, e empatou com a Inglaterra por zero a zero. O resultado contra a Inglaterra desagradou o técnico Feola que tomou a decisão mais feliz da história do futebol nacional: escalou Pelé e Garrincha juntos na equipe titular. Os dois infernizaram a União Soviética, e o Brasil venceu por 2 a 0. Nas quartas de final contra País de Gales, os brasileiros sofreram para furar a defesa galesa. Pelé, em uma lance individual, fez o único gol da partida. Na semifinal contra a França era hora de mostrar para os franceses que o Brasil tinha condições técnicas e psicológicas de vencer. Não deu outra: com um  show de Pelé, autor de três gols, a seleção bateu a França por 5 a 2.
 
Na grande final, mais uma vez, apenas 90 minutos separavam o Brasil da consagração. Tínhamos de provar que éramos capazes de suportar o clima tenso de uma final. Do outro lado estariam os donos da casa, motivados e até surpresos com a própria campanha. A imagem de Didi caminhando calmamente até o círculo central com a bola debaixo do braço, depois de o Brasil tomar um gol logo aos 4 minutos de jogo, feito por Liedholm,  foi a mais simbólica daquela seleção: um time talentoso, capaz de dar espetáculo, mas que tinha a cabeça e os nervos no lugar. Vavá com dois gols virou o jogo para o Brasil. Pelé com uma obra-prima fez o terceiro, Zagalo o quarto. Simonsson diminuiu para a Suécia e mais uma vez Pelé marcou dando números finais. Como os 5 a 2 no placar foram tão convincentes que George Raynor, técnico sueco, definiu em uma frase: " A seleção brasileira era tão boa que eu temia de torcer por ela".
 
O brasileiro sofria de "complexo vira-lata". A expressão foi criada pelo jornalista e escritor Nelson Rodrigues (irmão de Mário Filho, que dá nome ao Maracanã) para o sentimento que tomou conta do país depois da derrota da Copa de 1950. Mesmo quando o mundo apontava nossa seleção favorita, a torcida insistia em duvidar. Didi era o craque para todo o planeta, mas no Brasil era criticado por ser preguiçoso nos treinos. O complexo só terminaria quando viesse uma grande conquista. E ela veio.
 
Didi, após a Copa, resumiu as atuações do ponta-direira botafoguense: "Eu fazia um lançamento e tinha vontade de rir. O Mané ia passando e deixando os homens de bunda no chão".
 
Final: Brasil 5 x 2 Suécia
 
Campeão: Brasil
Vice-Campeão: Suécia
  

Estatísticas

Times: 16
Número de jogos: 35
Números de gols:  126
Média de gols: 3,6
Total de Publico: 919.580
Média de público: 26.273
Melhor ataque: Franca (23 gols)
Pior ataque: México (1 gol)
Melhor defesa: Brasil e País de Gales (4 gols)
Pior defesa: França (15 gols)
Artilheiro: Just Fontaine (FRA) - 13 gols em 6 jogos
Melhor Jogador: Didi
 

Curiosidades

Depois do sucesso de transmitir a Copa anterior de 1954, esse torneio também foi televisionado. O lançamento da segunda versão do satélite Sputnik pelos soviéticos, em janeiro de 1958, possibilitou a transmissão televisiva do torneio para os países europeus. No total, 11 países europeus aderiram ao consórcio liderado pela Sveriges Radio, estatal de Rádio e TV, que detinha os direitos de transmissão.
 
Para os países não-europeus, ficava a opção de adquirir os kinescópios dos jogos, filmados em 16 mm (ainda não havia surgido o video-tape, e os kinescópios eram o melhor meio de gravar conteúdo filmado na época). O consórcio providenciava aos interessados os kinescópios de cada partida a preço de custo, acrescido de apenas 1% de margem de lucro, para custear o trabalho das equipes de filmagem para registro dos jogos. No Brasil, a extinta TV Tupi adquiriu os kinescópios, que, anos mais tarde, puderam ser transformados em videoteipe.
 
Para a cobertura do Mundial, 2000 jornalistas se credenciaram para cobrir o evento. Dos credenciados, 200 eram jornalistas alemães.
 
A final seria disputada no  Estádio Rasunda entre Brasil e Suécia em frente a um público de 50.000. O Brasil perde o sorteio e joga de azul, pois ambos os times tinham o uniforme nº 1 em amarelo. "Nós vamos vencer, vamos jogar com a cor do manto de  Nossa Senhora Aparecida" disse o dirigente da delegação brasileira Paulo Machado de Carvalho.
 
O marroquino Just Fontaine, filho de pai francês e mãe espanhola, é até hoje o maior artilheiro em uma edição de Copa. Com a camisa da França, Fontaine marcou 13 gols.
 
Bellini foi o primeiro jogador a levantar uma taça ao recebe-la. O capitão brasileiro atendeu ao pedido dos fotógrafos, que não estavam conseguindo visualizar o troféu.
 
Graças às confusões armadas pelo árbitro brasileiro Mário Vianna na Copa de 1954, quando xingou a comissão de arbitragem da Fifa e foi tirar satisfações com o colega que apitou a derrota do Brasil para a Hungria, nenhum representante verde-amarelo foi convidado para apitar o mundial.
 
Como Brasil e Suécia jogavam de amarelo e como nesses casos o time mandante deve trocar de camisa, os brasileiros não levaram o uniforme azul para jogar a final. Mas a Fifa decidiu, por sorteio, que o Brasil deveria trocar de uniforme. O roupeiro Francisco de Assis, após muita correria, comprou um jogo de camisas por 35 dólares. Em 2004, a 10 usada por Pelé naquele dia foi vendida por 105.600 dólares. O Brasil se tornou a primeira seleção a vencer a Copa longe de seu continente. Feitosa repetiria em 2002, no Mundial da Coréia do Sul e do Japão..
 
Brasil e Inglaterra protagonizaram o primeiro zero a zero da história das Copas.
 
Nos exames médicos antes da Copa, todos os jogadores apresentaram problemas dentários. Foram feitas 500 obturações e extrações.
 
A religião anglicana, predominante na Irlanda do Norte, impedia atividades físicas aos domingos. Só depois a benção do clero, a equipe foi liberada para participar dos jogos dominicais.
 
Pelé é o jogador mais jovem a ganhar uma Copa. Na final de 1958, o camisa 10 tinha 17 anos e 249 dias.
 
O camisa 10 brasileiro também é o mais jovem a balançar a rede em uma Copa. Com 17 anos e 239 dias, Pelé marcou contra o País de Gales.

A Inglaterra tinha um bom time, mas veio enfraquecido, pois, seis meses antes do torneio, perdera Duncan Edwards, Tommy Taylor e Roger Byrne, num desastre de avião em Munique. Os jogadores eram do Manchester United, equipe tricampeã inglesa, e que era a base da seleção nacional. Com isso, tiveram que refazer os planos para o Mundial, convocando jogadores que jogaram em 1950, como o veterano Tom Finney.

Fontes
Coleção Copa do Mundo Fifa - Placar
 
 
 

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